Foi com esse tipo de provocação que a Cia. Verás de Teatro começou a levar os jogos e técnicas da cena teatral para dentro do universo corporativo. A ideia surgiu a partir de uma longa trajetória com o teatro educacional e do desejo de ampliar horizontes. Com mais de 30 anos de experiência na área cultural e 25 anos voltados à formação de jovens por meio da arte, os diretores Orly Veras e Isabelle Crystina passaram a aplicar oficinas teatrais com colaboradores e gestores, usando o teatro como meio de desenvolvimento humano e interpessoal.
Desde 2022, os workshops da companhia vêm ocupando salas de reuniões e auditórios de empresas, mostrando que o improviso, a escuta ativa e o trabalho em equipe não são habilidades exclusivas dos palcos — mas essenciais para ambientes de trabalho mais colaborativos e saudáveis.
A proposta vai além de “quebrar o gelo” com dinâmicas divertidas. O teatro convida os participantes a saírem do lugar comum. Em vez de receberem um conteúdo pronto, eles vivenciam situações, criam personagens, compartilham cenas e, principalmente, se conectam uns com os outros por meio da empatia e da emoção. Ao experimentar o papel do outro, literalmente, amplia-se a escuta, a compreensão e o senso de coletividade — competências valiosas em qualquer cultura organizacional.
A Cia. Verás de Teatro tem percebido, em suas experiências com empresas, que essa vivência coletiva desperta um tipo de aprendizado diferenciado das palestras tradicionais. Temas técnicos ou sensíveis, como segurança do trabalho ou saúde mental, são ressignificados quando apresentados de forma lúdica e afetiva. O humor, o improviso e a liberdade de expressão criam um ambiente mais receptivo, onde até os assuntos mais sérios ganham leveza e, por isso mesmo, mais profundidade.
O processo de construção do Workshop de Teatro no Ambiente Corporativo começa com escuta: a equipe busca compreender os objetivos da empresa, os desafios do time e os temas centrais que precisam ser trabalhados como a concentração, a comunicação, o trabalho equipe, etc. A partir daí, são elaboradas vivências teatrais que dialogam com essas questões de forma simbólica, mas sempre com o pé na realidade. Jogos, mímicas e pequenas cenas improvisadas são construídos de forma coletiva, estimulando a criatividade, a liderança e a colaboração — ingredientes que, quando bem trabalhados, impactam diretamente no clima organizacional.
Mais do que resultados técnicos, os fundadores da companhia gostam de observar as transformações humanas que ocorrem ao longo dos encontros. “O teatro mexe com autoestima, autoconfiança, senso de pertencimento. É comum vermos pessoas se abrindo, se conectando de maneira mais genuína. E isso reflete no trabalho, na forma como os times se relacionam no dia a dia”, explica Isabelle.
Hoje, o teatro corporativo ocupa um espaço crescente nas estratégias de engajamento e cultura organizacional. Para profissionais de comunicação interna, RH e desenvolvimento, essa é uma linguagem que merece atenção. Em tempos em que tanto se fala sobre humanização das empresas, talvez seja a hora de dar mais voz à arte como um caminho possível. Porque, como lembra Orly: “Sempre haverá espaço para o teatro, sempre que houver espaço para as pessoas.”
